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ECONOMIA

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Brechós de Passos ganham espaço com economia circular

Reportagem e fotos: Keuly Vianney
n.noticiar@gmail.com
01/06/2023

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Apesar da alta no custo de vida em decorrência da pandemia e o cenário econômico desfavorável dos últimos anos, um setor se destaca com certo fôlego: os brechós. As lojas que integram a chamada economia circular de roupas seminovas registram expansão bilionária no Brasil e no mundo. Em Passos, estes estabelecimentos seguem a mesma tendência, ganhando seu espaço e conquistando novos clientes. 


Os brechós trabalham com um combo importante para o sistema econômico e o planeta, incentivando o consumo consciente, a reciclagem, a moda sustentável e mantendo produtos e materiais em uso por mais tempo, que são algumas características da economia circular. Até os famosos investiram no setor, como a atriz Deborah Secco, que se tornou sócia de uma franquia de luxo em São Paulo, a Peça Rara Brechó. 

O preço acessível é um dos maiores chamativos para a comercialização nas lojas que revendem peças seminovas ou até novas em folha. Nos estabelecimentos de Passos visitados pela reportagem, é possível garimpar boas peças para adultos a partir de R$ 5,00.


A comerciante Norma Aparecida Moreira é veterana em brechós para adultos. Com uma loja completa no centro de Passos, o Brechó Aninha, um dos mais antigos da cidade, ela tem um estoque de cerca de 6 mil itens disponibilizados a uma clientela cativa. Nos últimos anos, ela percebeu aumento na procura superior a 50%. 

"Com a pandemia e inflação, muitas pessoas estão vindo nos brechós porque as roupas são de qualidade e o preço é bem acessível. Uma das peças mais procuradas é a calça jeans, que pode custar 10 vezes a menos na comparação com uma peça nova", conta.


Sempre atualizada, Norma viaja a cada 15 dias para compras em São Paulo a fim de renovar o estoque e atender a demanda que aumentou no período. Ela ainda explica que seu brechó é diferenciado porque não há só vestuário, mas também bijuterias, acessórios, bolsas, sapatos e até  roupas de cama e mesa, como cobertores e colchas, peças decorativas, como almofadas e abajur, e até brinquedos. Veja abaixo vídeo da comerciante contando sobre a loja  e como é a seleção dos seus produtos. 

Ela garante que o público diversificou muito nos últimos anos, pois o brechó atrai desde adolescentes e jovens até idosos. "Tenho muitos clientes universitários de moda que compram para estudar a roupa. No brechó, você resgata épocas da moda e tecidos muito bons, além de reciclar as roupas e ajudar na preservação do planeta", conta. "No meu brechó, as roupas são muito boas e temos até de marcas famosas. Sem falar que você tem uma peça exclusiva", completa.  Na galeria abaixo, confira seleção de roupas de Norma para a reportagem (arraste as imagens para ler a  legenda).

Universitário Henrique visita brechó todo mês para garimpar boas roupas

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O universitário Carlos Henrique Colombino é um cliente que se tornou frequentador assíduo de brechó nos últimos anos. Para o estudante de moda, virou rotina garimpar roupas seminovas, tanto para uso como para estudá-las do ponto de vista fashion e de comportamento de uma época.

 

"A moda já é muito consumista, é bom fazer essa troca, reciclar, ajudar o planeta. As pessoas devem perder o medo de consumir roupas usadas. Nos brechós, as peças são exclusivas", garante, informando que sempre adquire casacos, calças, jeans, etc nos brechós. 

Já a aposentada Maria Penha de Freitas Ferreira adquire roupas seminovas há 22 anos, sempre comprando peças para ela e as filhas. No dia da reportagem, ela investiu em sapatos.  "O que mais gosto nos brechós é o preço pela qualidade das peças. Mas já comprei de tudo, roupa, calçados, artigos para casa. Muitas pessoas são favorecidas com essa circulação e ajudamos o meio ambiente", afirma. 

Em outro ponto da cidade, a comerciante Maria das Neves Silva gerencia o Le Petit Brechó há mais de 10 anos no bairro Santa Casa. Ela notou 30% de aumento na procura pelas roupas seminovas nos últimos anos, principalmente entre adolescentes, jovens e idosos. 

"Aqui, você encontra peças exclusivas com preço bem acessível, mas o diferencial do meu brechó é que eu mesma cuido das peças, lavo, passo e costuro antes de colocar para venda", conta a comerciante. "Tenho variação grande de estilos, mas prefiro as roupas atemporais e modernas, que são as mais vendidas", complementa. 

Na escolha das roupas para o brechó, ela sempre observa a condição geral das peças, principalmente qualidade do tecido, das costuras e acabamento. "Só revendo roupas praticamente novas e perfeitas", garante. Confira na galeria abaixo, como é o brechó da Maria (arraste as fotos para ler a legenda):

Muitos dos fornecedores da comerciante, e compradores também, são moradores de cidades da região. Por isso, viu crescer as vendas online pelos aplicativos de mensagens. Bem organizada, ela separa as peças por cor e tipo de vestimenta. Seu forte é o vestuário, mas na loja também vende sapatos, acessórios e bolsas. 


"O brechó veio para ficar. Estão valorizando mais o setor, principalmente na questão econômica e ambiental. Mas ainda percebo um certo preconceito dos brechós das pessoas de classe econômica mais baixa, porque de outras classes compram sem restrição nenhuma", complementa. 

Cresci e perdi traz conceito de moda circular infanto-juvenil

Em Passos desde 2018, a franquia Cresci e Perdi trabalha com roupas seminovas para o público infanto-juvenil, de zero a 16 anos. A franqueada Ironete Neves explica que a loja adotou o conceito de moda circular a fim de incentivar o reaproveitamento das peças e ajudar os pais a economizarem. 


"As crianças crescem rápido e as roupas ficam novas. Nosso conceito é fazer as roupas infantis circularem e os pais terem vantagens financeiras, além de ajudar o meio ambiente pelo reaproveitamento das peças para outras famílias", afirma Ironete. 

Os fornecedores são os próprios pais que procuram a franquia para vender as roupas praticamente novas e não mais usadas pelos filhos. "Temos muitos fornecedores de Passos e cidades da região. É um movimento intenso de mães trazendo peças para avaliação e isto é um bom indício de que compraram a nossa ideia", diz. 


Veja video abaixo que a franqueada gravou para reportagem explicando como é a seleção das roupas e o gira-crédito na Cresci e Perdi de Passos: 

Conforme a comerciante, é possível encontrar na loja roupas 90% mais baratas na comparação com um item novo. A franquia passense possui cerca de 5 mil peças infantis, entre vestuário, calçados, acessórios, enxoval, brinquedos e outros itens, como carrinhos, bebê-conforto, banheiras, etc. 


Os itens mais vendidos são as roupinhas de bebê. "Também percebemos que os próprios pais ensinam o desapego para os filhos ao trazerem eles juntos na loja, explicando que podem vender a peça para comprar algo desejado por eles", conta Ironete. Na galeria abaixo, acesse fotos da loja (arraste as imagens para ler a legenda): 

O crescimento dos brechós
* Dados do Sebrae revelam que, no Brasil, são cerca de 119 mil brechós ativos, com crescimento de 30% nos últimos 5 anos. Durante a pandemia, o setor cresceu mais de 11%


* Relatório “O Estado da Moda em 2023″, divulgado pela Agência The Business of Fashion e pela consultora estratégica McKinsey & Company, mostra que artigos de baixo custo estão na mira dos consumidores e marcas com propostas sustentáveis ganham a simpatia dos compradores 


* Previsão para quem atua na moda é de que os brechós atraiam novo público em 2023


* Estimativas da thredUP, empresa de moda online dos Estados Unidos, aponta que o mercado global de roupas usadas deve se aproximar de US$ 80 bilhões em 2025

ANÚNCIO

VAI LÁ

Brechó Aninha, em Passos (MG). Rua Barão de Passos, 300, centro. Funciona de segunda à sexta-feira, das 9h às 18h, e  no sábado, das 9h às 13h. Whatsapp: (35) 98874-1007/ Facebook  / Instagram @norma.aparecida.71

Cresci e Perdi, franquia em Passos (MG). Rua Deputado Lourenço de Andrade, 588, centro. Funciona de segunda à sexta-feira das 9h às 18h e no sábado, das 9h às 13h. Whatsapp: (35) 99944-9905. Facebook / Instagram @crescieperdi.passos

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